Mario Vargas Llosa: o dia em que o escritor peruano deu um soco em Gabriel García Márquez

Ilustração de Daniel Arce
Ilustração de Daniel Arce

Crédito, Ilustração de Daniel Arce/BBC

E terminaria com um soco dado pelo autor peruano no então amigo colombiano.

Em janeiro de 1966, García Márquez (que ainda estava trabalhando em Cem Anos de Solidão) escreveu a primeira carta do México para Vargas Llosa, que estava em Paris.

O endereço foi dado a ele por Luis Harss, o jornalista chileno-americano que, sem que soubesse, estava escrevendo o primeiro livro indispensável sobre o boom da literatura latino-americana (Los Nuestros, de 1966, publicado primeiro em inglês como Into the Mainstream).

“Caro Mario Vargas Llosa:

Por meio de Luis Harss, finalmente consegui seu endereço, que era impossível de encontrar no México, principalmente agora que Carlos Fuentes está perdido em sabe-se lá em qual manguezal da selva europeia.

O produtor de cinema Antonio Matouk está animado com a ideia de fazer “A cidade e os cachorros”, dirigido por Luis Alcoriza, no Peru (…).

Aqui, mal podemos esperar para ler A Casa Verde. Quando será publicado? Carmen Balcells, em sua visita ao México, ficou muito entusiasmada com os originais.

Mesmo que o projeto do filme não se concretize, fico feliz com a oportunidade que esta carta me dá de estabelecer contato.

Cordialmente, Gabriel García Márquez”. (1)

Após trocarem cartas por um ano e meio, período durante o qual chegaram a discutir a possibilidade de escrever um romance juntos, García Márquez e Vargas Llosa se encontraram pela primeira vez em 9 de agosto de 1967, no Aeroporto Maiquetía, em Caracas.

Gabo — agora o ilustre autor de Cem Anos de Solidão — chegou como convidado de honra para a entrega do Prêmio Rómulo Gallegos, que Vargas Llosa havia ganhado por A Casa Verde, e para participar de um congresso literário.

Livros de Luis Harss

Crédito, BBC News Mundo

É assim que Vargas Llosa descreve este momento no livro García Márquez: História de um deicídio (sobre o qual falaremos mais adiante):

“Nos conhecemos na noite em que ele chegou ao aeroporto de Caracas; eu vinha de Londres, e ele, do México, e nossos aviões aterrissaram quase ao mesmo tempo. Antes tínhamos trocado algumas cartas, e até havíamos planejado escrever alguma vez um romance a quatro mãos — sobre a guerra tragicômica entre Colômbia e Peru em 1931 —, mas aquela foi a primeira vez que nos encontramos pessoalmente.

“Lembro-me muito bem dele naquela noite: desconcertado pelo terror recente do avião — do qual ele tem um medo mortal —, pouco à vontade entre os fotógrafos e jornalistas que o assediavam. Tornamo-nos amigos e ficamos juntos nas duas semanas do congresso.”

Era o início de uma grande amizade… que duraria menos de dez anos.

Conversa em Lima

Antes do encontro em Caracas, Vargas Llosa havia escrito uma resenha elogiosa sobre o romance recém-publicado de García Márquez, intitulada “Cem Anos de Solidão: o Amadis na América” (datada da “primavera de 1967”), com a qual deu início a uma relação fascinante com o romance e a obra do escritor colombiano, que culminaria quatro anos depois na publicação de História de um deicídio.

Esse deslumbramento ficaria evidente nas semanas seguintes, quando ambos os escritores visitaram Bogotá e Lima.

Na capital peruana, nos dias 5 e 7 de setembro, eles realizaram um “Diálogo sobre o romance na América Latina” que se tornaria lendário e circularia por décadas em fotocópias ou edições piratas, até ser finalmente publicado pela Alfaguara em abril de 2021.

Gabriel García Márquez

Crédito, Getty Images

O que chamou a atenção tanto daqueles que presenciaram o diálogo (quanto dos leitores posteriores) é que, apesar de ser, naquela época, o romancista mais conhecido e estabelecido dos dois, Vargas Llosa agiu como uma espécie de entrevistador de García Márquez, que durante a conversa proferiu algumas de suas boutades, as frases espirituosas que o caracterizariam dali em diante (como a de que ele havia tentado escrever o romance aos 17 anos, ou que iria morar na Europa porque era mais barato).

Por acaso, foi nesta visita a Lima que nasceu o segundo filho de Vargas Llosa, que ele batizou de Gabriel Rodrigo Gonzalo em homenagem a García Márquez e seus dois filhos. Os padrinhos foram, é claro, Gabo e sua esposa, Mercedes Barcha.

Cada um voltaria então para sua respectiva casa. Mas não muito tempo depois, eles estariam morando com suas famílias em Barcelona, literalmente parede com parede.

Barcelona, capital do mundo

Ainda em Londres, Vargas Llosa continuaria a escrever seu próximo romance, Conversa no Catedral, ao mesmo tempo em que preparava um curso sobre García Márquez, que daria em Porto Rico em 1968, e que seria o embrião de seu longo ensaio sobre o autor colombiano.

Gabo já havia se mudado para Barcelona com Mercedes e os dois filhos (em novembro de 1967), incentivado por Carmen Balcells, a superagente literária que sempre procurou garantir que seus autores pudessem viver do que escreviam, sem distrações adicionais, algo nunca visto antes na América Latina.

Balcells fez a mesma oferta a Vargas Llosa, que em 1970 se mudou com a prima e esposa, Patricia Llosa, e os dois filhos para a capital catalã. Lá, em 1974, nasceria sua filha Morgana.

Em 1970, após dois anos de trabalho, ele concluiu seu livro García Márquez: História de um deicídio, o primeiro grande texto (e talvez o melhor) escrito sobre a obra do escritor colombiano (que, ao mesmo tempo, serviu como tese para um doutorado que ele não havia terminado na Espanha).

Mario Vargas Llosa

Crédito, Getty Images

Muitos ficaram surpresos com a generosidade entre dois colegas que eram, ao mesmo tempo, concorrentes.

Em seu livro Historia personal del Boom (“História pessoal do Boom“, em tradução livre), o escritor chileno José Donoso relembra o que um crítico italiano disse a ele sobre o assunto:

“Na Itália, seria impossível para um escritor como Vargas Llosa escrever um livro sobre a obra de outro escritor como García Márquez. E que os dois estivessem na mesma reunião sem que um deles colocasse veneno no café do outro — bem, isso pareceria ficção científica.”

Carmen Balcells os definiu de forma imbatível: “Vargas Llosa é o primeiro aluno da turma, e García Márquez é um gênio”.

“Basta olhar para eles. Qualquer pessoa que os conheça sabe do que estou falando. Mario é um intelectual, alguém com uma cabeça muito bem estruturada, que acumula conhecimentos eruditos sobre vários assuntos e, ao mesmo tempo, é capaz de criar grandes obras. Seu discurso intelectual é de grande estatura, é o primeiro aluno da turma, com louvor.”

“Em contrapartida, Gabo é um gênio no sentido de que é um monstro criativo, uma força da natureza, alguém tocado pela mão de Deus, que tem um dom, e não se dedica a elaborar teorias ou análises sobre a cultura. Me parece algo que os descreve sem valorizar um em detrimento do outro. Sou apaixonada por ambos.”

Capa do livro 'García Márquez: História de um deicídio'

Crédito, BBC Mundo

No mesmo livro, Donoso data o fim desse fenômeno literário como um projeto compartilhado na véspera do Ano Novo de 1970, “em uma festa na casa de Luis Goytisolo, em Barcelona”, onde estavam presentes Julio Cortázar, Vargas Llosa, García Márquez, Carmen Balcells e Sergio Pitol.

“Naquela noite, se falou acima de tudo da fundação da revista Libre (…) e como ela seria estruturada, expandindo a lista restrita de diretores com a qual começou, até se decidir por diretores rotativos e uma longa lista de membros contribuintes.”

Queda livre

E foi justamente com a primeira edição da revista Libre que começou uma profunda ruptura entre alguns intelectuais ocidentais e Cuba.

Incentivados pelo espanhol Juan Goytisolo e apoiados financeiramente por uma rica herdeira franco-boliviana, alguns dos mais renomados escritores latino-americanos se reuniram para editar a novíssima revista de esquerda da capital francesa.

Entre eles, estavam os quatro principais representantes do boom (Vargas Llosa, García Márquez, Julio Cortázar e Carlos Fuentes), além de Octavio Paz, José Donoso, Severo Sarduy, Claribel Alegría, Plinio Apuleyo Mendoza e Jorge Edwards.

A história completa é contada no quarto capítulo do livro En los reinos de Taifa, de Juan Goytisolo: o primeiro número da revista Libre já estava pronto para impressão quando o chamado “caso Padilla” foi apresentado em Cuba.

Heberto Padilla foi um poeta cubano que participou da revolução e ocupou o cargo de representante do Ministério do Comércio Exterior em Praga. No entanto, no fim da década de 1960, ele começou a criticar e zombar abertamente da política cultural do governo Castro.

Em março de 1971, ele foi preso e, pouco depois, foi divulgada uma “confissão” caricata, que lembrava os julgamentos stalinistas, o que deixou muitos escritores estrangeiros amigos da ilha caribenha furiosos.

Liderados por Vargas Llosa e Goytisolo, vários intelectuais e escritores (incluindo Sartre, Cortázar, Susan Sontag, Italo Calvino, Simone de Beauvoir, Octavio Paz, Alberto Moravia e Marguerite Duras) enviaram uma carta moderada a Fidel Castro apoiando Padilla antes de sua confissão ser divulgada.

Não foi possível localizar García Márquez, que na época estava na Colômbia, em uma das frequentes viagens que ele fez à região enquanto escrevia O Outono do Patriarca para se reconectar com o ambiente caribenho e poder refleti-lo no livro.

É por isso que, depois de procurá-lo em vão, Plinio Apuleyo Mendoza, editor-chefe da revista, deu permissão para colocar o nome do amigo sem consultá-lo, certo de que ele concordaria.

Mas não foi este o caso: uma carta de Barranquilla, na qual Gabo explicava que não queria assinar nada “até ter informações completas sobre o assunto”, havia sido extraviada pelos correios. (2)

Fidel Castro ficou furioso com a primeira carta dos escritores, e fez um duro discurso contra os signatários, “intelectuais burgueses, panfletários e agentes da CIA (…) os pseudoesquerdistas sem vergonha que querem ganhar louros vivendo em Paris, Londres, Roma”. Também proibiu todos os signatários de entrar em Cuba “por um período de tempo indefinido e infinito”

Quase simultaneamente, a “confissão” de Padilla foi divulgada.

Mario Vargas Llosa convocou então uma reunião de emergência em sua casa em Barcelona, ​​onde uma segunda carta, muito mais incisiva e contundente, foi redigida.

Gabriel García Márquez e Julio Cortázar se recusaram a assiná-la.

Capa da primeira edição da revista Libre

Crédito, BBC News Mundo

A primeira edição da revista Libre foi adiada para o outono para que pudesse incluir um dossiê completo sobre o caso Padilla, com todos os pontos de vista, incluindo o discurso de Castro, as duas cartas dos intelectuais e a “confissão” do poeta, além de mensagens a favor e contra de escritores e artistas latino-americanos.

A revista também publicou um poema de Cortázar, no qual ele se distanciava completamente das críticas ao governo cubano (antes, ele o bajulava), e uma entrevista com García Márquez que, de acordo com Juan Goytisolo, foi “um prodigioso exercício de acrobacia cuja virtuosidade inspira admiração, se não respeito”, na qual ele conseguiu não criticar os intelectuais signatários, e não romper com o regime cubano.

A revista, que acabou pela falta de dinheiro e por divisões internas, só conseguiu publicar quatro edições.

Um soco no Palácio de Belas Artes

Quem melhor contou a história do fim da amizade entre Vargas Llosa e García Márquez foi Xavi Ayén em seu livro Aquellos años del Boom (“Aqueles anos do Boom“, em tradução livre).

Na obra, ele deixa claro que a amizade não terminou por causa do “caso Padilla”, pois ambos os escritores continuaram morando e se vendo em Barcelona. No entanto, estava claro que algo havia se rompido.

Em seu livro Vargas Llosa, el vicio de escribir (“Vargas Llosa, o vício de escrever”, em tradução livre), de 1991, JJ Armas Marcelo relembra uma tarde de 1973 em Barcelona, quando o peruano o apresentou ao colombiano, que chegou ao encontro vestindo o macacão azul de operário que usava enquanto trabalhava no que viria a ser O Outono do Patriarca:

“Naquela mesma reunião, notei que MVLL estava falando pouco. Olhava para García Márquez com um certo distanciamento, e cheguei a uma conclusão, talvez preconceituosa na época: o romancista peruano não gostava de muitas das ‘saídas’, mais ou menos fáceis, que o colombiano demonstrava em público. ‘Agora vou ao cinema’, disse García Márquez ao se despedir. ‘Vestido assim’, perguntei a ele de forma um pouco provocativa. ‘É claro’, ele respondeu, ‘é para assustar a burguesia’. E MVLL olhou para ele novamente com desdém.”

Mario Vargas Llosa

Crédito, Getty Images

Em seu livro, Ayén deixa claro que o motivo do rompimento definitivo não foi político — mas, sim, algo muito mais banal e humano.

Resumindo: em meados de 1974, quando voltaram a viver no Peru, Vargas Llosa se apaixonou por outra mulher, e deixou Patricia e os filhos.

Em maio de 1975, Patricia Llosa viajou para Barcelona, ​​onde foi recebida pela família García Márquez. A partir daí surgiu a versão de que (talvez em tom de brincadeira) Gabo teria se insinuado para ela.

Pouco tempo depois, os Llosa voltaram a viver juntos.

Isso é explicado em mais detalhes no livro de Ayén, que me disse que, antes de sua publicação, ele havia enviado o texto tanto para García Márquez quanto para Vargas Llosa e suas famílias para que dissessem a ele se algo que havia escrito não era verdade.

Em 12 de fevereiro de 1976, no Palácio de Belas Artes da Cidade do México, houve a pré-estreia do documentário La Odisea de los Andes, com roteiro de Vargas Llosa, sobre o time de rugby uruguaio que sobreviveu a um acidente de avião por 72 dias na Cordilheira dos Andes, em alguns casos recorrendo ao canibalismo.

Segundo Xavi Ayén, a “nata da intelectualidade mexicana” estava no saguão do belo edifício, incluindo a família García Márquez com alguns amigos.

“‘Com licença, vou cumprimentar o Mario’, disse ele antes de entrar na sala de projeção. Lá, ele se dirigiu ao peruano e levou um soco muito forte: ‘Isso é pelo que você fez com a Patrícia em Barcelona’, deixou claro o agressor.”

Na biografia Gabriel García Márquez: Uma Vida, Gerald Martin escreve: “É evidente que Mario chegou à conclusão de que García Márquez havia colocado sua preocupação com Patrícia acima da amizade que os unia. Somente García Márquez e Patricia Llosa sabem o que aconteceu.”

Os anos seguintes

Nos anos que se seguiram, ambos se recusaram a falar sobre o que aconteceu, e Vargas Llosa disse que deixava o assunto para “os historiadores”.

Até onde se sabe, eles nunca mais voltaram a se falar em particular e, em público, houve alguns poucos comentários e impropérios, especialmente por parte de Vargas Llosa, sobre a posição política de García Márquez em relação a Cuba e sua amizade com Fidel Castro.

Gabriel García Márquez

Crédito, Getty Images

O escritor peruano proibiu a reedição do estudo História de um deicídio (que teve duas edições em 1971), que se tornou um objeto de culto entre os amantes da literatura latino-americana.

O livro só voltaria a ser impresso em 2006, por ocasião da publicação das obras completas do peruano, e como parte de seus volumes de ensaios. Como obra individual, só foi reeditada em 2021, cinquenta anos após sua publicação.

Em uma das últimas vezes em que falou em público sobre García Márquez, no verão de 2017, durante um curso na Universidade Complutense de Madrid sobre a obra do colombiano, quando perguntado se haviam se visto novamente após o afastamento, Vargas Llosa respondeu com uma risada:

“Não… Estamos entrando em um território perigoso, acho que chegou a hora de encerrar esta conversa.” (3)

No entanto, aparentemente houve uma tentativa de reconciliação intermediada por amigos de ambos, quando os dois escritores estavam em Cartagena para o Hay Festival — mas, àquela altura, Gabo já estava sofrendo com a perda de memória.

A história, quem sabe, vai se encarregar de reconciliá-los.

Linha divisória

(1) Citado no livro De Gabo a Mario, de Ángel Esteban e Ana Gallego, editora Espasa, 2009. As cartas estão na Universidade de Princeton. A carta também foi incluída no livro Las cartas del Boom, publicado em 2023 pela Alfaguara. De acordo com o livro, a última carta trocada foi em março de 1971, enviada por García Márquez a Vargas Llosa de Barranquilla, na Colômbia.

(2) Citado no livro Gabo, cartas y recuerdos, de Plinio Apuleyo Mendoza, Ediciones B, 2013.

(3) Na peça Al pie del Támesis, publicada por Vargas Llosa em 2008, um dos personagens relembra que, 35 anos antes, deu um soco no melhor amigo (“um soco de boxeador”), que acabou com a amizade deles.

Vargas Llosa, gigante da literatura, já disse preferir Bolsonaro a Lula

O escritor Mario Vargas Llosa sorri em imagem branco e preto
O escritor Mario Vargas Llosa sorri em imagem branco e preto

Crédito, Getty Images

“O caso de Bolsonaro é um caso muito difícil”, disse o escritor.

“As palhaçadas de Bolsonaro são muito difíceis de se admitir para um liberal. Mas entre Bolsonaro e Lula, prefiro Bolsonaro, desde já. Com as palhaçadas de Bolsonaro. Lula, não.”

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, também em 2022, Vargas Llosa disse que torcia pela derrota do petista, mas afirmou também não ter muita simpatia por Bolsonaro.

O escritor afirmou ainda, segundo o jornal, que havia no Peru quatro presidentes com processos na Justiça em decorrência da operação Lava-Jato.

“Em grande parte, todos eles foram vítimas de Lula, pois ele utiliza, digamos, a Presidência para corromper os governantes latino-americanos. No Peru, causou estragos.”

Vargas Llosa disse que “não gostaria de estar na situação de ter que escolher entre Lula e Bolsonaro”, mas que “realmente jamais votaria em Lula”, pois “ele foi um homem que corrompeu profundamente.”

Quanto questionado pelo jornal sobre a anulação de processos contra Lula na Lava-Jato, ele disse que foi “por questões técnicas” e que “alguns juízes também têm seus preferidos na política. Torço para que não elejam de novo Lula, pois ele está muito associado à corrupção.”

Ex-presidente Dilma Rousseff dá discurso no Senado brasileiro, depois de ser afastada do cargo, em 2016.

Crédito, Getty Images

As declarações de Vargas Llosa em 2022 não foram exatamente uma novidade: em outro evento em Buenos Aires, em 2016, ele já havia feito críticas a Lula, conforme noticiou a AFP à época.

“De repente, os brasileiros foram os primeiros a descobrir que o governo de Lula é a fonte de uma corrupção que não tinha precedentes na história brasileira.”

O escritor afirmou que a crise vivida no país em 2016 era saudável, mesmo ano em que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo.

Para ele, a ex-presidente “herdou uma corrupção que nasce com Lula, então é bom que o Brasil viva essa catarse e desmistifique seus santos”.

De apoiador de Fidel Castro a liberal

Mario Vargas Llosa sentado durante cerimônia em Paris

Crédito, Getty Images

Jorge Mario Pedro Vargas Llosa nasceu em Arequipa, no Peru, em 1936. Como muitos intelectuais, ele chegou a apoiar Fidel Castro. Ele já havia viajado algumas vezes como jornalista à ilha e chegou a apoiar plenamente a Revolução Cubana.

“Para a minha geração, e não só na América Latina, o que aconteceu em Cuba foi decisivo — um antes e um depois ideológico”, escreveria no prólogo de seu livro de ensaios O Chamado da Tribo.

Muitos, como eu, viram na gesta fidelista não apenas uma aventura heroica e generosa, de combatentes idealistas que queriam não só acabar com uma ditadura corrupta como a de Batista, mas também construir um socialismo não sectário, que permitisse a crítica, a diversidade e até a dissidência.”

Vargas Llosa disse ter se desiludido com o líder comunista após o “Caso Padilla”, quando o poeta Heberto Padilla foi preso por criticar o governo cubano em 1971.

Padilla era um poeta cubano que havia participado ativamente da Revolução Cubana e, inclusive, chegado a ocupar o cargo de vice-ministro do Comércio Exterior. No entanto, no final dos anos 1960, passou a criticar abertamente a política cultural do governo.

Em março de 1971, foi preso e, pouco depois, veio a público uma “confissão” caricatural, que lembrava os julgamentos stalinistas, provocando a fúria de muitos escritores estrangeiros amigos da Revolução.

Liderados por Goytisolo e Vargas Llosa, vários intelectuais e escritores (incluindo Sartre, Susan Sontag, Italo Calvino, Simone de Beauvoir, Octavio Paz, Alberto Moravia e Marguerite Duras) enviaram duas cartas a Fidel Castro em apoio a Padilla.

Isso enfureceu Castro, que fez um duro discurso contra os signatários e os proibiu de entrar em Cuba “por um tempo indefinido e infinito”.

No final dos anos 1970, Mario Vargas Llosa passou a residir em Londres, já como um escritor consagrado, que podia viver daquilo que escrevia.

Foi uma fase fundamental: presenciou a ascensão de Margaret Thatcher ao poder e, ao mesmo tempo, leu — e chegou a conhecer — grandes pensadores liberais contemporâneos, como Isaiah Berlin e Karl Popper.

Em uma mudança ideológica profunda, ele adotou as ideias liberais e, desde então — assim como havia feito anteriormente com as ideias de esquerda — passou a defendê-las com unhas e dentes, tanto por escrito quanto em público.

Em 2019, em entrevista à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, disse que “o liberalismo está associado à ideia de liberdade, e acredito que a defesa das liberdades é algo absolutamente essencial”.

“Para o liberalismo, o essencial são as ideias, os valores, e dentro deles a ideia de liberdade é absolutamente central. Uma ideia que não pode ser dissociada, dividida ou fragmentada.”

Não muito depois de sua conversão, ele teria a oportunidade de defender essas ideias na arena política.

Em agosto de 1987, quando o então presidente peruano Alan García anunciou que nacionalizaria os bancos e as companhias de seguros, Vargas Llosa — que estava de férias em seu país — decidiu se opor publicamente.

O sucesso de sua mobilização foi tal que o presidente acabou desistindo do plano de nacionalização, e o escritor decidiu lançar-se à Presidência.

No entanto, depois de um início de campanha promissor, o escritor transformado em político enfrentou em 1990 um fenômeno que primeiro o surpreendeu e depois o derrotou: Alberto Fujimori, que, durante a campanha, passou a caracterizar Vargas Llosa como um neoliberal rico de direita radical.

Vargas Llosa retornou imediatamente à Europa para se recuperar desta empreitada e escreveu Peixe na Água, jurando nunca mais se envolver diretamente com a política.

Sua imagem como neoliberal alinhado à direita radical se manteve ao longo dos anos, apesar de também ter posições em temas sociais e políticos consideradas progressistas: defendia o aborto, a eutanásia, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a legalização das drogas e era crítico do tratamento dado por Israel aos palestinos.

Era um defensor da democracia como sistema político e considerava o capitalismo, o livre mercado e a globalização como os melhores caminhos para tirar um país da pobreza.

Embora na entrevista à BBC News Mundo ele tenha ponderado, dizendo que “há quem acredite que o mercado resolve tudo, eu não acredito nisso, nem de longe, e tampouco acho que essa seja a essência do liberalismo”, Vargas Llosa manteve até o fim sua admiração por Thatcher e o ex-presidente americano Ronald Reagan, além de uma relação próxima com políticos conservadores da Espanha e da América Latina, como Álvaro Uribe, Sebastián Piñera e José María Aznar.

‘Mulheres do job’: profissionais do sexo trocam dicas e oferecem ‘mentoria’ a iniciantes no TikTok

Capturas de tela de vídeos de profissionais do sexo no TikTok
Capturas de tela de vídeos de profissionais do sexo no TikTok

Crédito, Reprodução/TikTok

  • Author, Julia Braun
  • Role, Da BBC Brasil em Londres
  • Twitter,

“O que eu faço aqui não é romantizar. Eu estou compartilhando a minha experiência.”

A frase é da profissional do sexo Sara Müller, que acumula mais de 60 mil seguidores em suas contas nas redes sociais. A paulista de 30 anos publica vídeos quase diários no TikTok sobre o dia a dia da profissão, respondendo perguntas sobre a razão de ter escolhido a carreira e os desafios de trabalhar com sexo.

Ao pé de suas publicações, comentadores se alternam entre elogios à coragem por falar de um assunto tabu – “fala a realidade e tira todos os estereótipos” – e críticas sobre a forma como o tema é tratado – “quer glamourizar a profissão”.

“As pessoas acham que a profissional do sexo é uma coitada, que só passa perrengue e apuro. Aí quando aparece alguém falando que está se dando bem, é acusada de estar romantizando”, rebate Sara, que trabalha na área desde 2015.

“A profissional que trabalha com sexo não tem que ficar marginalizada, escondida”, afirmou ela à BBC Brasil. “Eu gosto de fazer vídeos justamente para tentar abrir a mente das pessoas. É um trabalho como qualquer outro.”

Mas ela não é a única “mulher do job” ou GP (abreviação de garota de programa) repreendida nas redes sociais pela franqueza com que trata de sua profissão.

Perfis de profissionais do sexo que usam plataformas como TikTok e Instagram para divulgar seu trabalho se multiplicaram nos últimos anos, com reações mistas por parte do público.

Além dos vídeos sobre o dia a dia da profissão, as influencers usam o espaço para passar dicas de segurança, compartilhar segredos de beleza e até oferecer mentoria para iniciantes.

“Quando falamos sobre ‘job’, significa nada mais nada menos do que programa”, explica em sua conta Mariel Fernanda, que tem quase 160 mil seguidores em seu TikTok.

A categoria cresceu tanto nas redes sociais que ganhou até referências em músicas e se tornou tema para influenciadores de outros nichos. Não é raro, por exemplo, se deparar com blogueiras especializadas em moda ou beleza repassando indicações sobre o perfume mais atraente, o batom mais resistente ou o melhor método de depilação usado pelas “mulheres do job”.

Mas também há quem condene a exploração do corpo da mulher, apoie a abolição da atividade e acuse as criadoras de conteúdo de romantizarem a profissão.

As críticas giram principalmente em torno do temor de que a popularização dos vídeos e das músicas sobre o tema possam influenciar uma nova geração a se aproximar do trabalho sexual sem conhecer a sua realidade completa.

A preocupação também já foi manifestada pelas próprias trabalhadoras sexuais. “Eu sinto que tem muita menina iludida. E está na hora de acordarem para a vida, porque o job não é o mundo da Disney”, desabafou uma delas em seu perfil no TikTok.

‘A quem interessa a falta de informação?’

Para Deusa Artemis, profissional do sexo e criadora de conteúdo que usa o codinome no dia a dia de sua profissão, as redes sociais são justamente uma forma de combater a falta de informação.

“Entramos para prostituição sem nenhuma informação – e isso leva muita gente achar que é um trabalho fácil”, disse em entrevista à BBC Brasil. “O que muitas meninas fazem, inclusive eu, é divulgar e conversar para que o trabalho seja mais seguro e para que se crie uma comunidade mais unida.”

Em sua conta no TikTok, que tem mais de 25 mil seguidores, ela divulga orientações sobre como iniciar na carreira, sugestões para aumentar o lucro e dicas de segurança e saúde.

“Não vejo nenhuma GP romantizando a profissão. Todas que sigo estão mostrando o seu dia a dia, falando das dificuldades e das coisas boas – porque tem coisa boa também, viu?”, defende.

“A quem interessa que uma menina entre no trabalho sexual sem nenhum tipo de informação?”, questiona a paulista de 32 anos. “Só ao homem que vai usufruir desse serviço e tirar vantagem dessa mulher.”

Ela se diz ainda muito incomodada pela “hipocrisia” com que grande parte da sociedade trata as profissionais do sexo.

Foto de Deusa Artemis

Crédito, Arquivo pessoal

“Ao mesmo tempo em que me sentia marginalizada, era tratada com agressividade por alguns, não parava de ser procurada pelos homens que usam e abusam desse serviço”, relata.

Profissional do sexo há pelo menos dois anos, ela começou a cursar Ciências Sociais em uma faculdade federal para ajudá-la em seu objetivo como defensora da causa.

“Entrei nas redes sociais justamente para bater de frente com o hate [ódio, em inglês].”

A gaúcha Monique Prado também vê nas redes sociais uma forma de combater o preconceito.

“Através das redes sociais, vemos cada vez maior o número de pessoas se declarando trabalhadoras sexuais – homens e mulheres, cis e trans. Saber que existem, acompanhar a rotina e postagem dessas pessoas é muito positivo, ajuda a combater o estigma, mostra que existimos e estamos mais perto do que as pessoas imaginavam”, diz à BBC Brasil.

Monique atua como profissional do sexo desde os 19 anos e nas redes sociais divulga não apenas seu trabalho como acompanhante e produtora de conteúdo adulto, mas também escritora e ativista.

“Que a gente mostre este lado que a sociedade esconde, que o trabalho sexual é um trabalho, que também somos bem tratadas, que muitas vezes ganhamos bem e que nosso trabalho nos permite ter uma vida digna, muitas vezes estendendo ela a nossas famílias, me parece muito positivo e ajuda demais a amenizar o estigma”, afirma.

‘O job não é o mundo da Disney’

Além de usar suas redes sociais para contar histórias do seu trabalho, Sara Müller também oferece serviço de mentoria para outras mulheres no trabalho sexual.

“Faço uma análise do contexto das mulheres que me procuram, do porquê que elas querem começar e dos caminhos que elas podem pegar baseado na minha vivência”, relata.

“Indico métodos que funcionaram para mim, como abrir uma rede social e investir em ensaios de foto, por exemplo. Mas nunca vou falar para alguém começar numa boate, porque eu nunca passei por isso.”

Sara afirma ainda que a grande maioria das pessoas que a procuram já atuam como trabalhadoras sexuais, ainda que há pouco tempo. Ela afirma nunca ter auxiliado mulheres que estavam “deslumbradas” ou pouco cientes das dificuldades e riscos da carreira.

Sara Müller

Crédito, Arquivo pessoal

E ela não é a única que usa a plataforma para buscar clientes entre as próprias profissionais do sexo.

Mariel Fernanda, por exemplo, oferece aconselhamento para mulheres maiores de 18 anos que queiram produzir conteúdo adulto para a internet. “Seu corpo, suas regras, seu lucro”, diz seu site, Mentoria para Musas.

Além de um canal no Telegram para compartilhamento de experiências, a mentoria inclui aconselhamento particular e documentos, fotos, áudios e vídeos com dicas.

Outra influenciadora do meio, que se identifica nas redes apenas como Dihmayara, afirma que é procurada com frequência por mulheres que querem entrar no ramo, apesar de não oferecer nenhum serviço oficial de aconselhamento.

Em uma série de vídeos postados em fevereiro, ela se abriu sobre sua frustração em torno da romantização da profissão.

“A mensagem que mais recebo no direct [caixa de mensagens privadas no Instagram ou TikTok] é ‘quero entrar para o job'”, diz. “Quando leio, penso ‘meu, quem foi que romantizou a prostituição?'”.

Dihmayara afirma sempre ter falado “a verdade sobre o job” e se preocupar com mulheres que “acham que vai ser fácil” entrar para a prostituição. “Parem de achar que job é conto de fadas, é um mundo da Disney”, diz.

“Parem de achar que as meninas que vocês seguem por aí que romantizam o job tem uma vida perfeita – porque elas não têm”, diz. “A gente só posta a parte boa da vida, e com o job é a mesma coisa.”

A trabalhadora do sexo e influenciadora também usou as redes sociais para fazer um alerta para as mulheres que desejam seguir a carreira em busca de “dinheiro fácil”.

“A parte ruim existe e ela é 80% do job”, desabafou.

Um fenômeno histórico

O antropólogo Thaddeus Blanchette, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador associado do Observatório da Prostituição, reconhece os muitos desafios que as trabalhadoras do sexo enfrentam em seu cotidiano, mas associa as acusações sobre romantização ao estigma que envolve o tema.

“Ninguém questiona se qualquer outra profissão está sendo glamourizada nas redes sociais”, diz. “Não vemos questionamentos sobre a romantização da profissão de policial em filmes e programas de TV, por exemplo.”

Para Blanchette, ninguém escolhe a prostituição por glamour. “Basta apenas observar a forma como as profissionais do sexo são tratadas na sociedade brasileira para perceber que a ideia de que um vídeo na internet pode glamourizar a vida de prostitutas não faz sentido nenhum”, diz.

“Devemos olhar para os problemas que as trabalhadoras do sexo enfrentam e discutir como podemos, como sociedade, ajudá-las e protegê-las. Não falar de glamourização”, diz o especialista.

Ele alerta, porém, que pode haver exceções. “Mas claro, tudo depende de quem está produzindo e qual é o conteúdo. Estou dando apenas uma visão geral, sem analisar nenhum caso específico.”

No Brasil, a prática da prostituição por adultos, de forma voluntária e autônoma, não é criminalizada. O que o Código Penal Brasileiro considera crime é a exploração da prostituição alheia, especialmente quando há lucro com o trabalho sexual de outra pessoa.

E apesar da Classificação Brasileira de Ocupações reconhecer a prostituição como trabalho livre, os profissionais do sexo não têm acesso formal a direitos trabalhistas no país.

Ainda segundo o pesquisador, a adaptação das “mulheres do job” às redes sociais, da maneira como estamos observando hoje, era só questão de tempo.

“A prostituição está e esteve presente em todas as sociedades do mundo, segundo os arquivos históricos. E toda vez que uma nova mídia de comunicação surge, as trabalhadoras do sexo se adaptam a ela para encontrar clientes, escapar de exploradores e aumentar a sua segurança”, diz. “Os primeiros grupos a usar os jornais para colocar propagandas no século 18, foram as prostitutas.”

“Então o que estamos vendo agora não é nada novo.”

Marginalização e violência

Especialistas que atuam na área consultados pela BBC Brasil reconhecem, porém, que há um abismo de desigualdade na forma como o trabalho sexual é exercido e tratado no Brasil.

Isto é, as “mulheres do job” que ganham a vida cobrando altos valores por encontros usam as redes sociais para atrair clientes ou realizam apenas atendimentos virtuais são apenas uma amostra do que significa ser profissional do sexo no Brasil atualmente, dizem.

A delegada de polícia e doutora em Sociologia e Direitos Humanos Cyntia Carvalho e Silva chama a atenção para a importância de enxergar a ocupação como um todo.

Vídeos de profissionais do sexo falando sobre cuidados com a pele e perfumes

Crédito, Reprodução/TikTok

“A prostituição de rua, por exemplo, não é nada glamourizada. Muitas prostitutas vivem marginalizadas, especialmente as mulheres trans, negras e as prostitutas mais idosas”, diz. “Há muitos casos também de pessoas que se prostituem para alimentar o vício, aceitando fazer um programa por algo como R$ 5 ou uma pedra de crack.”

Segundo a profissional que atua na Delegacia de Combate à Discriminação no Distrito Federal, muitas profissionais do sexo também vêm seu ofício associado à criminalidade contra a sua vontade.

“Apesar da crença de que a prostituição está sempre ligada ao tráfico de drogas, na maioria das vezes são as prostitutas que se tornam vítimas dessa criminalidade”, argumenta Carvalho e Silva.

Além disso, não são incomuns os casos de violência contra trabalhadoras do sexo, afirma. Segundo a delegada, as agressões partem principalmente dos exploradores, mas também em alguns casos dos clientes.

Mas segundo ela, é difícil ter uma ideia precisa do quanto a violência afeta as profissionais do sexo no Brasil, já que a subnotificação é grande e, quando denunciados, os casos nem sempre são registrados de uma maneira que identifique a verdadeira ocupação da vítima.

“As profissionais do sexo têm que ser ouvidas, temos que falar sim da atividade de prostituição, mas sempre trazendo esse contraponto de que é uma atividade difícil, heterogênea e que não tem acesso a direitos trabalhistas no Brasil neste momento”, opina Carvalho e Silva.

O antropólogo Thaddeus Blanchette estuda ainda como essa desigualdade na forma de exercer o trabalho sexual cresceu durante e após a pandemia de covid-19.

“Há uma enorme divisão entre quem pode usar as novas mídias sociais e quem não tem ideia ou condições de como fazer isso”, afirma.

Segundo o pesquisador, enquanto parte das profissionais do sexo se especializaram em produzir conteúdo para a internet, outra parcela encontrou dificuldade de navegar nas novas mídias. “Grupos de mulheres mais velhas, acima de 40 anos, tiveram que tomar cada vez mais riscos ou migrar para outros trabalhos incrivelmente mal-remunerados para continuar a ganhar dinheiro”, relata.

‘A gente se complementa’

Por tudo isso, a ativista e profissional do sexo Juma Santos acredita que o caminho para a conquista de mais direitos e respeito passa por uma união entre todas as classes e gerações.

Ela é coordenadora da Rede de Redução de Danos e Profissionais do Sexo do DF e fundadora da Tulipas do Cerrado, uma organização sem fins lucrativos que ampara profissionais do sexo e moradores de rua do Estado.

As mulheres e homens no seu dia a dia, relata, têm uma realidade muito distinta daquela mostrada pelas do “job” nas redes sociais.

“Mas isso não quer dizer que elas estejam negligenciando uma parte da comunidade”, diz. “Essa realidade não faz parte do cotidiano delas, e é muito difícil querer abranger todo o trabalho sexual.”

Ao mesmo tempo, diz Juma Santos, as gerações mais velhas de profissionais do sexo têm muito a contribuir no debate sobre luta contra estigmas e conquista de direitos pela classe.

“As ‘meninas do job’ estão dando um grande passo na nossa luta. O desafio agora é unir o novo ao antigo para que nós consigamos trabalhar unidas e atingir todos os públicos.”

Nem tudo é sobre o diabetes + PL 2687 deverá ser votado em maio | CAFÉ, INFORMAÇÃO E DIABETES

Apoie este canal para ajudar a levar informação a quem precisa:
https://www.youtube.com/channel/UCMn6jU8_Wci70DCxbghAFYA/join

Acesse também o nosso canal no WhatsApp através do link abaixo:
https://whatsapp.com/channel/0029VaiJHso4Y9lpAOlEzw1W

Olá, eu sou o Tom Bueno e é muito legal te ter aqui no canal Um Diabético! Conviver com o diabetes pode ser leve e a minha missão é te mostrar isso por aqui. O diabetes mellitus tipo 1 e 2 são bem comuns no Brasil e no mundo! Por aqui, vamos falar sobre dicas de como lidar com o diabetes, como cuidar do diabetes, como medir a glicemia, como aplicar insulina, tipos de insulina, e todos os outros assuntos que envolvem o diabetes para que você não tenha problemas relacionados à doença! Se inscreva no canal para acompanhar sempre que tiver vídeo novo, combinado? Um abraço! Boas glicemias!
_______________________
Contato Profissional: contato@umdiabetico.com.br

Dean Gillispie Wins $45 Million for Wrongful Conviction

.

LAURA A. BISCHOFF

November 22, 2022, 10:56 AM

Ohio man wins $45 million in lawsuit after being wrongfully imprisoned for 20 years

COLUMBUS, Ohio – An Ohio man won $45 million in a civil lawsuit against a police department and detective whose actions led to his wrongful conviction and more than 20 years behind bars.

Dean Gillispie sued Miami Township police and former detective Scott Moore for suppressing evidence and tainting eyewitness identifications in the 1991 rape and kidnapping case against Gillispie.

Gillispie was convicted in 1991 in Montgomery County and released from prison in 2011. The Ohio Innocence Project at the University of Cincinnati law school, former Ohio Attorney General Jim Petro and Dean’s mother, Juana Gillispie, worked to free him and clear his name.

Today, Gillispie is 57, and lives in Fairborn, a suburb of Dayton.

“The horror inflicted on Dean and his family and community is hard to wrap your mind around,” Ohio Innocence Project Director Mark Godsey said. “The way the authorities pushed through a conviction and then fought back and refused to admit a mistake was so disappointing. Nothing can repay Dean for the horror.”

He added: “The jury’s verdict sends a strong message that those in power need to change the way they do things.”

“Justice prevailed in this case, although it took a long, long, long time for that to occur,” said Petro, who co-authored a book with his wife Nancy about wrongful convictions.

David Owens, whose firm Loevy & Loevy represents wrongfully convicted clients and represented Gillispie, said they believe $45 million sets an Ohio record.

It is unclear if Miami Township or Moore will seek to appeal the case or when Gillispie might receive payment.

The National Registry of Exonerations Releases Grim, Eye-Opening Report

This month our nation exceeded 25,000 years lost to wrongful convictions. The human suffering associated with the wrongful conviction and imprisonment of 2,795 innocent people is incalculable. Without the research and reporting of the National Registry of Exonerations (NRE), we likely would not know of or comprehend the truth or implications of this horrific milestone.

The report, “25,000 Years Lost to Wrongful Convictions” released today quantifies the reality of a justice system making its most egregious error: convicting an innocent person. The NRE defines an exoneree as a “person who was convicted of a crime and later officially declared innocent of that crime, or relieved of all legal consequences of the conviction because evidence of innocence that was not presented at trial required reconsideration of the case.”

The NRE has focused on exonerations since 1989. Here are a few highlights from the report:

• On average, each exoneree spent more than 8 years and 11 months in prison before release. Black exonerees spent 10.4 years in prison on average, whereas white exonerees spent an average of 7.5 years. Averages alone do not immediately reveal, for example, that 183 people spent 25 years or more in prison before they were exonerated of crimes they did not commit.

• Innocent Black defendants served a majority of the prison time, 14,525 of the 25,004 years at the writing of the report.

• Governments have paid more than $2.9 billion in compensation, and yet more than half of the exonerated have received nothing.

As with the NRE’s research on racial identification among the wrongly convicted, the work of reporting and studying every known exoneration in the United States since 1989, has shined light on injustices that can accompany wrongful conviction. 

Racial and economic injustice shows up in exoneration research. Ronnie Long, convicted of a 1976 rape he didn’t commit in North Carolina, spent nearly 44 years in prison before his exoneration in 2020. The report notes, as the NRE does in every exoneration, what contributed to his wrongful conviction. In Mr. Long’s case, the contributors were “official misconduct, mistaken eyewitness testimony, perjury, and false forensic evidence.”

The injustice of excessive sentencing is also revealed in exonerations. Lawrence Martin spent nearly 19 years in prison for the non-violent “crime” of possession of a knife with a locking blade. Sentenced under California’s “Three Strikes” law, he got a life sentence for possessing this knife. According to the report, the California Supreme Court “ruled that police and prosecutors were applying an overly broad definition of a locking blade. In effect, Martin had committed no crime at all.” He was exonerated of this non-crime in 2020. 

The injustice of not being compensated for the loss of freedom, opportunity, reputation, pursuit of happiness, etc. due to the state’s error or misconduct is also addressed in the report, which references the work of Professor Jeffrey Gutman of the George Washington University Law School. Professor Gutman has conducted a comprehensive study of the compensation received by those in the exoneration registry.

The number of years lost to wrongful convictions is staggering but, in fact, an understatement. The report stresses that this calculation refers to only those exonerations we know about. ”The vast majority of false convictions go uncorrected and therefore are never counted.” The milestone does not include large group exonerations prompted by evidence of systemic official misconduct, nor the time spent in custody before trial.

In addition to including five noteworthy cases, the report concludes by noting the continuing trend of the establishment of conviction integrity units (CIUs), often in prosecutors’ offices, that are tasked with reviewing and reinvestigating case with credible claims of innocence. There are now 85 CIUs, mostly in large cities but also now statewide in six states. 

The report notes that since the death of George Floyd on May 25, 2020, “our criminal justice system has been the focus of intense — and well-deserved — scrutiny,” concluding that reducing wrongful convictions, correcting the state’s past wrongs, and recognizing the state’s responsibilities to the wrongfully convicted both financially and in other support, are important components of reform efforts.

Prosecutorial and Police Misconduct – A Continuing Travesty

Prosecutorial and police misconduct – we’ve been preaching about those things  on this site for a long time now, and there doesn’t appear to be an end in site – at least not yet.

David Leonhardt of the New York Times just wrote a very illuminating article on this subject, and I append it for you here:

February 16, 2021

Good morning. We look at two men who spent decades behind bars for crimes they didn’t commit.

Curtis Flowers’s day typically began around 4:30 a.m., when a prison guard slid a breakfast tray into his cell. The tray often included a biscuit, potatoes, oatmeal or grits — “a bunch of starch,” as Flowers said to me recently, with a quiet laugh.
Sometime after 8 a.m., the guards led him from his cell to a small outdoor pen where he was permitted to exercise, look up at the sky and talk to other death-row inmates in nearby pens. The pen was large enough for him to take three steps in one direction and two steps in another. “Walking in circles, you get dizzy real quick,” Flowers said.
After an hour in the pen — sometimes less — he returned to his cell for the rest of the day. There, he read books, wrote letters, watched television and talked with the guards or fellow prisoners through the bars.
Flowers lived like this for more than 20 years, on death row in Mississippi — despite there being no good evidence that he committed the crime, a 1996 quadruple murder in a furniture store, for which he was convicted.
He was a victim of prosecutor misconduct. A local district attorney, Doug Evans, convicted Flowers on weak evidence that later fell apart: To this day, no witness or physical evidence even puts Flowers at the scene of the crime. The U.S. Supreme Court threw out his conviction in 2019, citing Evans’s blocking of Black jurors. Last year, the state of Mississippi dropped all charges.
When I spoke to Flowers by Zoom recently, I was awed by his grace. He has spent nearly half his life behind bars, and in 2018 was denied a request to attend his mother’s funeral, but he conveys a calm cheerfulness. “Just doing little things to make me happy,” he said, like bass fishing.
Curtis FlowersDavid Doobinin
Still, there was one subject that sparked passion in him: the consequences — or lack thereof — for Evans, as well as for some of his friends still locked up in Parchman Farm prison. Flowers told me that while he believed many people at Parchman were guilty, others are there because of Evans’s misconduct. “It’s terrible,” Flowers said.
Yet Evans remains the top prosecutor for seven Mississippi counties. He “has faced no adverse consequences for his handling of the case,” as Parker Yesko — a member of the “In the Dark” podcast team that exposed the holes in the case — has written.

What would change look like?

In recent years, a movement known as criminal justice reform has sprung up, supported by both conservatives and progressives. Its biggest goal is reducing the number of Americans behind bars — which is currently above two million, giving the U.S. the world’s highest incarceration rate. Another goal is to introduce more accountability for prosecutors and detectives found to have committed misconduct, creating incentives to avoid unjust convictions.
“Prosecutors can misbehave with impunity, facing virtually no consequences even when a judge says they have committed substantive misconduct,” Shaila Dewan, a Times reporter covering criminal justice, told me.
My colleague Jan Ransom has published a gripping account of another case of potential misconduct. It takes place in the Bronx and involves Huwe Burton, whose mother was stabbed to death in 1989, when he was 16. Three detectives coaxed a false confession out of him, using a mix of threats and lies, and he spent almost 20 years in prison. A judge has since exonerated him.
Huwe BurtonElias Williams for The New York Times
Darcel Clark, the Bronx district attorney, is now conducting an inquiry into whether the three detectives’ tactics tainted 31 other homicide cases. The detectives have denied wrongdoing, and Clark has suggested they were following “standard procedure” at the time.
Still, Jan writes, “the inquiry highlights how a new generation of prosecutors in New York and elsewhere is delving deeply into whether deceptive police interrogation tactics might have warped the criminal justice system.” In the Bronx and some other places, prosecutors have formed units to review old cases and tried to bar problematic police officers from testifying.
Prosecutors and police officers have tough jobs and sometimes make honest mistakes, as Nina Morrison of the Innocence Project, which helped free Burton, has noted. But outright misconduct is more frequent than many people realize. It played a role in more than half of the 2,400 exonerations documented nationwide over the last three decades. “For Black men wrongly convicted of murder, the proportion was 78 percent,” Jan writes.
Toward the end of my conversation with Flowers, I asked him what he thought should happen to prosecutors like Evans who have committed misconduct. Flowers replied that they should be subject to the same punishment they have inflicted on others. “It sucks to be behind bars,” he said, “and I don’t think he would want to sit back there.”

Seven facts about mass incarceration that sound like April Fools’ Day hoaxes, but aren’t

graph of expenditures from the Dauphin County, PA welfare fund

Fines for suicide attempts, prisons built near toxic wastelands, the overwhelming number of people in the system…it’s hard to believe, but it’s true.

by Wanda Bertram, April 1, 2025

We at the Prison Policy Initiative are in the business of making America’s draconian, exploitative, sprawling incarceration system more obvious to everyone. The basic facts of mass incarceration are easy to grasp when laid out in, say, a pie chart. But there are other elements of the criminal legal system that never stop boggling the mind — even for us.

For April Fools’ Day, here are seven facts about incarceration and supervision that are as hard to believe as they are hard on people in the system:

Prisons and jails maintain “welfare funds” that are supposed to benefit incarcerated people, but often use the money to shore up their budgets or spend it on treats for themselves.

When incarcerated people and their loved ones pay for phone calls or commissary goods, it creates revenue for companies, which kick back some of the money to the facilities themselves. This money is funneled into “inmate welfare funds.” But what happens to it then? In our report Shadow Budgets, we revealed that prisons and jails often use the funds not for special purchases on behalf of incarcerated people, but to shore up their own operating budgets — or even to pay for perks for themselves.

In one county — Dauphin County, Pennsylvania — the local paper exposed the jail using its welfare fund for purchases as inappropriate as fitness trackers and gun range memberships for staff.

graph of expenditures from the Dauphin County, PA welfare fund For more, see the original story from PennLive.

One-third of state and federal prisons sit within three miles of federal Superfund sites.

Research warns against living, working, or going to school near Superfund sites — the most toxic places in the country — as this proximity is linked to lower life expectancy and a litany of terrible illnesses. But many incarcerated people have no choice. With many prisons located near toxic wastelands, people in prison all too often develop health problems: For instance, in western Pennsylvania, a state prison located on top of a coal waste deposit has led to skin rashes, sores, cysts, gastrointestinal problems, and cancer.

The average yearly income of someone in jail pretrial is less than $20,000.

bar chart showing the average income for people in jail pretrial versus the U.S. average

Nearly half a million people are sitting in a local jail awaiting trial. Their average yearly income hovers just under $20,000, meaning that it’s easy to keep them locked up by imposing cash bail (the median bail amount for people detained on bail who are accused of felonies is $25,000). Women and Black people in jail have even lower incomes on average, making them even more vulnerable to being stuck in pretrial detention, which can very quickly lead to losing one’s job, losing custody of children, forgoing medical appointments, and so on. And pretrial detention doesn’t just throw someone’s life into chaos — it makes it more likely that they will plead guilty just to get out of jail.

Felony convictions may not disqualify someone from being president, but they still block people from jobs like bartending, car sales, and pest control.

19 million people in America have felony records. And occupational licensing requirements, the standards and rules that govern who can work in certain professions, often explicitly exclude anyone with any felony conviction. These rules thus lock millions of people out of jobs like nursing, sales, bartending, and firefighting, no matter the details of their conviction — making it much more likely that formerly incarcerated people will end up in low-paying, itinerant jobs rather than stable employment.

You can’t help but ask: If someone with a felony conviction isn’t barred from becoming president, why should they be barred from all of these positions that have far less power and responsibility?

Many of the 2.9 million people on probation have to take regular drug tests — which they often must pay for — even those whose convictions have nothing to do with drugs.

In our report One Size Fits None, we combed through probation rules in 76 jurisdictions and found that 62% of those places require all people on probation to submit to regular drug tests. Not only is drug testing dubiously effective in advancing any public safety goals; the rules mean that even if someone’s conviction had nothing to do with drugs, they have to get tested anyway. Worse, many of these jurisdictions make people on probation pay for their own tests, at a cost of between $15 and $20 per test (often multiple times a week).

Several state prison systems slap financial sanctions on people who attempt suicide or harm themselves.

Not only do most prisons coerce incarcerated people to pay copays to see a doctor; some actually make people pay the prison back for costs incurred through acts of self-harm. Iowa, Georgia, Nevada, and New Mexico’s policies on disciplinary fines state that incarcerated people can be made to reimburse the state if they attempt suicide or hurt themselves in prison, an environment known to aggravate mental illness. In Virginia, corrections staff recently discussed financially penalizing people who self-immolated in protest last year.

Nearly half of all Americans have an immediate family member who has been incarcerated.

FWD.us reports that 113 million adults, or 45% of all adults in America, have had an immediate family member locked up for at least one night. These figures underscore that while having a criminal record — or even having an incarcerated loved one — carries heavy stigma in this country, it is an incredibly common experience. Making the criminal legal system fair and just is not something that impacts a select few; it’s directly relevant to our friends and neighbors.

bar chart showing how many people are incarcerated, formerly incarcerated, have criminal records, and have system-impacted loved ones.

And 10 things you shouldn’t believe

While these facts about incarceration are hard to believe but unfortunately true, there are also a number of myths floating around about the criminal legal system. Head over to our recent report Mass Incarceration: The Whole Pie 2025 where we bust 10 common myths about incarceration the far too many people do believe. We cover the exaggerated impact of private prisons, phantom “factories behind fences,” the crime waves that weren’t, and more.

Resource spotlight: UCLA Law Behind Bars Data Project leads the way in prison mortality statistics

screenshot of a stylized heatmap of the US showing where prison deaths occurred in 2021, by state

There is less transparency about prison deaths than ever before. A new central resource aims to bring carceral mortality data out of the shadows.

by Leah Wang, March 24, 2025

For almost 20 years, from about 2000 until 2019, the federal government offered at least some idea of how many people across the U.S. die in prisons and jails each year, thanks to the Death in Custody Reporting Act (DCRA). But for the past six years, policy changes have left researchers, journalists, and advocates on their own when it comes to learning of deaths in custody.1 Prison and jail mortality data — now irregularly published by the Bureau of Justice Assistance (BJA) — are now far less detailed, and consistently underreport deaths.2

Fortunately, a passionate team of data-wranglers at UCLA Law — an extension of the invaluable UCLA Law Covid Behind Bars Data Project — has shifted their focus to report on all-cause mortality in state and federal prisons, filling the void left by the DCRA implementation turmoil.

Given the current administration’s values and priorities, it’s reasonable to expect less criminal legal system data transparency from federal agencies over the next few years, not more. At a time when the public is paying increasing attention to what happens behind bars, we highly recommend checking out academic and grassroots resources like the UCLA Law Behind Bars Data Project (we’ve curated a list of others at the end of this post).

Tracking prison deaths

Led by two of the country’s leading scholars on prison and jail conditions, UCLA Law professors Sharon Dolovich and Aaron Littman, the Behind Bars Data Project is “the country’s most comprehensive public resource tracking prison deaths nationwide.” Project team members tirelessly submit public records requests, compile and web-scrape publicly-available mortality data, and work with partner organizations to pull together data by state. The website allows users to examine deaths in each state’s prisons, with helpful context like the total prison population and a calculated crude mortality rate for recent years.

screenshot of a stylized heatmap of the US showing where prison deaths occurred in 2021, by state This screenshot from the UCLA Law Behind Bars Data Project website shows how users can compare prison death counts and rates across states.

Even with all the hard work of the UCLA Law Behind Bars Data Project team, not all jurisdictions are forthcoming with all aspects of mortality data, such as the name, race, or sex of those who have died, where they died (i.e., inside a cell, a medical unit, or an outside hospital), or the circumstances of their deaths. Helpfully, each state’s Data Reporting Summary indicates what details each state has made available.

The team is also analyzing the mortality data, examining possible drivers and correlates of prison deaths such as restrictive housing (also known as solitary confinement), racial disparities, length of incarceration, and other factors. They anticipate completing more research, blog posts, and peer-reviewed publications in the near future.

Prison deaths in context: Using the data to demand transparency and change

A wide swath of academics, journalists, and advocates have been utilizing UCLA’s mortality datasets for a few years at this point. (We, for example, wrote extensively about the COVID-19 pandemic ravaging prisons and jails using the team’s data). Data users are urging lawmakers and correctional officials to implement common-sense reforms, like releasing medically vulnerable and/or elderly people from prisons, overhauling bail practices to reduce jail time, and improving access to medical care and basic life-sustaining measures like air conditioning and adequate food in prisons. Meanwhile, some of the mortality data being published by states are heavily redacted and limited, so some advocates are simply asking for more transparency and stronger reporting systems.

As the Behind Bars Data Project team continues to collect and analyze prison mortality data, they also have plans to look more broadly at measures of the health of people in carceral institutions using creative sources of information on healthcare access, expanding our collective understanding of how incarcerated people contend with illness and death in “death-making institutions.” As we at the Prison Policy Initiative are among those working to shed more light on correctional health issues and the inadequate healthcare in prisons and jails, we are excited for what’s to come from the Behind Bars Data Project.

For further reading, check out some other valuable resources on justice-involved deaths:

New report, Mass Incarceration: The Whole Pie 2025, shows prisons and jails continuing to lock up more people after a decade of consistent declines

Main pie chart graphic from Mass Incarceration: The Whole Pie 2025.

The newest iteration of the Prison Policy Initiative’s flagship report explains that the incarcerated population grew by about 2% overall, with significant spikes in the incarceration of immigrants and young people.

March 11, 2025

Easthampton, Mass. — Today, the Prison Policy Initiative released the 2025 edition of its flagship report, Mass Incarceration: The Whole Pie. The report offers the most comprehensive view of the nearly 2 million people incarcerated in the U.S., showing what types of facilities they are in and why. It also serves as a primer on the size and scope of the criminal legal system and busts 10 of the most persistent myths about mass incarceration and crime.

Main pie chart graphic from Mass Incarceration: The Whole Pie 2025.

For the first time ever, the report highlights important changes and trends in the criminal legal system, including:

  • The overall incarcerated population has grown by roughly 2% since our last Whole Pie report, according to the most recent data, although the total confined population is still about 13% smaller than its pre-pandemic size;
  • Recent growth in incarceration is largely driven by a handful of states, with nine states accounting for 77% of all state prison growth over 2022 and 2023. Conversely, 10 states have continued to reduce their prison population since 2021.
  • Courts sent 11% more young people to incarceration in 2022 than in 2021, the first increase in youth confinement in over two decades.

“This data tells the story of states taking two divergent paths,” said Wendy Sawyer, Research Director of the Prison Policy Initiative. “The first path works to reduce the number of people behind bars, recognizing that every person who is locked up represents the failure of overly-punitive policies. The other path doubles down on the misguided policies that created the nation’s mass incarceration crisis by locking more people up, destroying lives, and making communities less safe.”

The report includes 32 visualizations that shine a light on the hidden realities of the criminal legal system in America, including:

  • A pie “slice” showing the 655,000 people in local jails on any given day, including over 450,000 people awaiting trial, and over 100,000 people held by jails for other agencies.
  • A graphic explaining that, contrary to a popular misconception, only 8% of incarcerated people are held in privately-run facilities.
  • Graphics offering details about lesser-known parts of the criminal legal system, including involuntary commitment, civil commitment, and jails on tribal lands.

On Friday, March 14, at 1 p.m. Eastern time, Prison Policy Initiative will host an Instagram Live discussion about the key takeaways from the report and answer questions from viewers. Those interested in joining this event can use their mobile phone to set a reminder and watch here.

The full report is available at: https://www.prisonpolicy.org/reports/pie2025.html