Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the modern-events-calendar-lite domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /var/www/clients/client1/web58/web/wp-includes/functions.php on line 6121 Pruebas NetMdP/etruel – Otro sitio realizado con WordPress
Hrvatska turistička zajednica jučer je donijela Odluku o sredstvima za regionalne i lokalne turističke zajednice.
Kroz Javni natječaj za Projektno-udružene turističke zajednice – Turističkoj zajednici Grada Otočca, kao nositelju udruživanja, odobren je iznos sredstava u iznosu od 20.000,00 € za projekt “OD KADRA DO PRIČE”
Uskoro ćemo zajedno s Discover Vrhovine i Turistička zajednica Brinje donijeti više informacija o aktivnostima projekta, no svakako očekujte nešto zanimljivo 🤭😎👏💪📸
U sklopu vodećeg svjetskog turističkog – ITB sajma u Berlinu, već 25 godina dodjeljuje se prestižna nagrada „The Golden City Gate“. Kolegica Viktorija Rogić iz Turističke zajednice grada Otočca, te redatelj i snimatelj Filip Bašić iz DOKU FILMS preuzeli su nagradu za osvojeno 2. mjesto u kategoriji „Region International film“ za naš nedavno predstavljeni promotivni turistički film „Discover Otočac, Brinje i Vrhovine“.
Klaster Lika Destination,
objavio je Javni poziv za iskazivanje interesa za korištenje znaka Lika Quality.
Temeljem Pravilnika o korištenju jamstvenog žiga „Lika Quality“, Klaster Lika Destination u suradnji s Lokalnom akcijskom grupom Lika i Poljoprivrednom zadrugom Lika COOP dana 17. veljače 2025. godine objavljuje JAVNI POZIV za korištenje Znaka „Lika Quality“ – za proizvode
Com o intuito de driblar a entrada em vigor do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a China acelerou os embarques e, com isso, as exportações bateram recorde no mês de março.
As exportações da China cresceram 12,4% no mês passado em relação ao ano anterior. Em janeiro e fevereiro, haviam crescido 2,3%.
Em meio à escalada na guerra comercial entre os dois países, o governo chinês elevou, no sábado (12), de 84% para 125% as sobretaxas cobradas de produtos importados dos EUA, em mais uma resposta ao tarifaço de Trump aos itens comprados da China.
“A imposição por parte dos Estados Unidos de tarifas anormalmente elevadas contra a China viola gravemente as normas comerciais internacionais, as leis econômicas básicas e o bom senso”, afirmou a Comissão Tarifária do Conselho de Estado de Pequim em um comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças na sexta-feira (11).
Apesar do bom resultado de março para a China, analistas já prospectam um impacto significativo nos fluxos comerciais globais e nos investimentos empresariais.
Ainda na noite de sexta-feira passada, Trump, anunciou alívio nas chamadas “tarifas recíprocas” para produtos tecnológicos, como smartphones, laptops e semicondutores, o que fez com que os mercados globais respondessem positivamente nesta segunda-feira (14).
Porém, o republicano disse depois que a medida deve ter caráter temporário. “É óbvio que o Trump recebeu uma pressão da ‘turminha das big techs’ que foi lá na posse dele, que está bajulando ele desde o começo”, disse o economista e fundador do ICL, Eduardo Moreira, durante participação no ICL Notícias 1ª edição desta segunda.
Como disse Moreira, Trump muda de ideia aos sabor de seu humor. Portanto, fica difícil prever o que virá no futuro.
Exportações de março da China serão ofuscadas
Diante dos constantes blefes de Trump, analistas já preveem que os bons números das exportações chinesas serão ofuscados, pois o mercado vive de expectativas que são frustradas constantemente devido ao vai e vem da política tarifária do presidente dos EUA. Portanto, preveem que os embarques devem cair nos próximos meses.
Isso porque Trump impôs tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas nos Estados Unidos a partir de 4 de fevereiro, e seguiu com mais 10% em março, acusando Pequim de não fazer o suficiente para conter o fluxo de fentanil para os EUA.
Com o pacote batizado por Trump de “tarifas recíprocas”, as sobretaxas à China atingem a marca de 145%, o que provocou o último revide do governo chinês.
Ainda que a China seja a segunda maior economia do mundo, o país não deve passar ileso ao tarifaço, uma vez que a economia não possui o mesmo vigor de antigamente. Há problemas com o setor de construção, que já foi o motor econômico chinês, e com a demanda interna.
Enquanto ninguém consegue prever o que vai na cabeça de Trump, o governo chinês promete lutar até o fim para proteger o país.
Na semana passada, o Goldman Sachs reduziu sua previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da China para 2025 de 4,5% para 4%, citando os efeitos das tarifas.
Por sua vez, o Citi cortou sua estimativa de 4,7% para 4,2% dois dias antes. Essas previsões revisadas estão bem abaixo da meta oficial de crescimento do governo, que é em torno de 5%.
(Folhapress) – Um carro foi engolido por uma cratera que se abriu na avenida Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital paulista, na madrugada desta segunda-feira (14). O asfalto cedeu após as fortes chuvas que atingiram a cidade.
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) informou que equipes foram encaminhadas para o local para verificar a situação.
O carro trafegava pela avenida quando caiu o asfalto cedeu e ficou preso no buraco que se formou. Não há informações sobre feridos.
Uma outra cratera também vem causando transtornos aos motoristas. O buraco, que fica no acesso da pista local para expressa da marginal Tietê, na região da Vila Anastácio (zona oeste de SP), na saída da rodovia dos Bandeirantes, apareceu após a chuva na última quinta-feira.
Esta é a outra cratera, aberta na marginal Tietê. (Reprodução/TV Globo)
A Sabesp previa concluir o reparo até a manhã desta segunda, mas as obras atrasaram por causa da chuva desta madrugada.
“A Sabesp informa que concluiu a fase de aterramento do local e que agora está na fase da recomposição asfáltica. Esse trabalho teve de ser suspenso devido à forte chuva na noite deste domingo e madrugada desta segunda, o que impede a fixação do pavimento”, disse a companhia, em nota.
O período para solicitar a isenção da taxa de inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025 será entre 14 e 25 de abril.
A isenção da taxa de inscrição deve ser solicitada exclusivamente pela Página do Participante, com o login único do portal de serviços do governo federal, o Gov.br.
Para solicitar a isenção de pagamento da taxa de inscrição para o Enem 2025, o participante deve informar o número de seu Cadastro de Pessoa Física (CPF) e a data de nascimento. Os dados pessoais devem ser iguais aos cadastrados na Receita Federal.
Quem pode pedir a isenção
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) prevê a gratuidade para:
Matriculados no 3º ano do ensino médio em escola pública (em 2025), em qualquer modalidade de ensino (regular ou educação de jovens e adultos – EJA);
Estudantes que cursaram todo o ensino médio em escola pública ou como bolsista integral em escola privada;
Estudantes com renda mensal igual ou inferior a um salário mínimo e meio (R$ 2.277, em 2025);
Pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica com registro ativo no Cadastro Único para
Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal.
Participantes do programa Pé-de-Meia, do Ministério da Educação (MEC).
Baseado nesta lista, os candidatos deverão comprovar o cumprimento dos requisitos para conseguir a isenção da taxa de inscrição no Enem.
Os documentos aceitos para a solicitação da gratuidade estão descritos no Anexo II do edital. Entre eles, a declaração escolar que comprove estar cursando a última série do ensino médio em 2025, na rede pública; e comprovante da renda declarada.
Mais de 3 milhões de brasileiros fizeram o ENEM em 2024. Foto: shutterstock
Justificativa de ausência
O candidato que teve a gratuidade da taxa de inscrição do Enem do ano passado, mas não compareceu a um ou dois dias de provas, na edição de 2024, e ainda quer participar da edição de 2025 gratuitamente terá que justificar a ausência.
De acordo com o edital, o prazo para fazer a justificativa será o mesmo do pedido de isenção da taxa de inscrição: de 14 até as 23h59 de 25 de abril.
A justificativa de ausência no Enem 2024 é realizada no mesmo sistema de solicitação de isenção da taxa de inscrição, a Página do Participante.
O Inep avisa que não serão aceitos documentos autodeclaratórios ou emitidos por pais ou responsáveis do candidato.
Cronograma
Em 12 de maio, o Inep irá divulgar os resultados das solicitações de isenção da taxa e, também, se foram aceitas as justificativas de ausência em 2024 para nova gratuidade.
O período de recursos será entre 12 a 16 de maio. O resultado dos recursos sairá em 22 de maio.
Somente após este cronograma, o MEC abrirá o período oficial de inscrições na edição deste ano do Enem. Ainda será publicado um edital específico com as datas e regras.
Enem
Instituído em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio avalia anualmente o desempenho escolar dos estudantes ao término do ensino médio. Os participantes que ainda não concluíram o ensino médio podem participar como treineiros, e os resultados obtidos no exame servem somente para autoavaliação de conhecimentos.
As notas do Enem podem ser usadas em processos seletivos coordenados pelo Ministério da Educação, como Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) do governo federal.
O desempenho no Enem também é considerado para ingresso em instituições de educação superior de Portugal que têm acordo com o Inep. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior naquele país.
O exame também é aplicado a pessoas privadas de liberdade ou sob medidas socioeducativas, em datas diferentes do Enem regular.
A informação do afastamento foi divulgada pelo ministério na noite desta sexta-feira (11).
O Ministério das Relações Exteriores informou que foi notificado a respeito da informação de que partiu do celular do funcionário do órgão, Aldegundes Batista Miranda, as palavras agressivas com relação aos indígenas. A fala foi gravada durante reunião virtual no dia 9 de abril.
O servidor da carreira diplomática ocupava uma função administrativa no Setor de Proteção a Pessoas e ao Patrimônio (SEPRO) da Divisão de Recursos Logísticos do Itamaraty.
A reunião aconteceu na véspera da manifestação promovida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) em frente ao Congresso Nacional, dentro da programação do Acampamento Terra Livre (ATL), que reuniu mais de 7 mil indígenas de diversos povos de todo o país em Brasília.
Protesto de indígenas em Brasília
O ato dos povos indígenas tinha como objetivo a defesa de direitos constitucionais e o fortalecimento do diálogo com os Poderes da República.
Uma forte repressão policial, no entanto, avançou contra o protesto por parte do Departamento de Polícia Legislativa (DPOL) e da Polícia Militar do DF, com uso de bombas de gás de pimenta e efeito moral.
A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) ficou ferida e diversos outros participantes também.
Após a manifestação, viralizou um áudio da reunião ocorrida na SSP-DF em que um dos participantes diz: “Deixa descer logo… deixa descer e mete o cacete se fizer bagunça.”
Nesta sexta, o Itamaraty reconheceu o servidor e informou que “O Ministério das Relações Exteriores deplora o ocorrido e esclarece que o funcionário não foi instruído a manifestar-se nos termos noticiados”, disse em nota.
O Ministério acrescentou ainda que o caso foi remetido à Corregedoria para apuração de responsabilidade.
Nesta seção, o portal ICL Notícias resgata textos, imagens e sons que façam o leitor dar uma pausa na marcha imediata e angustiante dos fatos para refletir com autores geniais do Brasil e de outros países.
De repente os olhos bem abertos. E a escuridão toda escura. Deve ser noite alta. Acendo a luz da cabeceira e para o meu desespero são duas horas da noite. E a cabeça clara e lúcida. Ainda arranjarei alguém igual a quem eu possa telefonar às duas da noite e que não me maldiga. Quem? Quem sofre de insônia? E as horas não passam. Saio da cama, tomo café. E ainda por cima com um desses horríveis substitutos do açúcar porque Dr. José Carlos Cabral de Almeida, dietista, acha que preciso perder os quatro quilos que aumentei com a superalimentação depois do incêndio. E o que se passa na luz acesa da sala? Pensa-se uma escuridão clara. Não, não se pensa. Sente-se. Sente-se uma coisa que só tem um nome: solidão. Ler? Jamais. Escrever? Jamais. Passa-se um tempo, olha-se o relógio, quem sabe são cinco horas. Nem quatro chegaram. Quem estará acordado agora? E nem posso pedir que me telefonem no meio da noite pois posso estar dormindo e não perdoar. Tomar uma pílula para dormir? Mas e o vício que nos espreita? Ninguém me perdoaria o vício. Então fico sentada na sala, sentindo. Sentindo o quê? O nada. E o telefone à mão.
Mas quantas vezes a insônia é um dom. De repente acordar no meio da noite e ter essa coisa rara: solidão. Quase nenhum ruído. Só o das ondas do mar batendo na praia. E tomo café com gosto, toda sozinha no mundo. Ninguém me interrompe o nada. É um nada a um tempo vazio e rico. E o telefone mudo, sem aquele toque súbito que sobressalta. Depois vai amanhecendo. As nuvens se clareando sob um sol às vezes pálido como uma lua, às vezes de fogo puro. Vou ao terraço e sou talvez a primeira do dia a ver a espuma branca do mar. O mar é meu, o sol é meu, a terra é minha. E sinto-me feliz por nada, por tudo. Até que, como o sol subindo, a casa vai acordando e há o reencontro com meus filhos sonolentos.
Clarice Lispector é uma escritora brasileira. Ela nasceu na Ucrânia, mas chegou ao Brasil quando tinha dois anos. Mais tarde, fez faculdade de Direito, morou em diversos países em companhia do marido cônsul, publicou muitos livros e também atuou como jornalista.
A autora, que faleceu em 9 de dezembro de 1977, no Rio de Janeiro, faz parte da terceira geração modernista (ou pós-modernismo). Suas obras apresentam fluxo de consciência, fragmentação e metalinguagem, características que podem ser observadas em A hora da estrela, um de seus livros mais conhecidos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisou ser submetido a uma cirurgia “extensa” e de “grande porte” para remover aderências e reconstruir a parede abdominal.
Segundo o boletim médico divulgado no domingo (13/4), o procedimento realizado em Brasília durou cerca de 12 horas, “transcorreu sem intercorrências e não exigiu transfusão de sangue“.
“No momento, o ex-presidente encontra-se internado na Unidade de Terapia Intensiva [UTI], clinicamente estável, sem dor, e recebe suporte clínico, nutricional e medidas de prevenção de infecções“, conclui a nota.
O cardiologista Leandro Echenique, que acompanha Bolsonaro, destacou que procedimentos do tipo podem levar “a uma série de intercorrências”.
“Há o aumento do risco de algumas infecções, de precisar de medicamentos para controlar a pressão. Há um aumento do risco de trombose, problemas de coagulação do sangue…”, detalhou o médico durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (14/4).
“Todas as medidas preventivas serão tomadas, por isso que ele se encontra na UTI neste momento.”
Echenique acrescentou que o pós-operatório de Bolsonaro será “muito delicado e prolongado” e que não há previsão de alta.
Já o cirurgião Cláudio Birolini, chefe da equipe que realizou o procedimento, descreveu o abdômen do ex-presidente como “hostil”, por causa das múltiplas cirurgias as quais ele precisou ser submetido.
“Isso já antecipava que seria um procedimento bastante complexo e trabalhoso”, comentou Birolini a jornalistas.
O ex-presidente sentiu fortes dores no abdômen, apresentou dificuldades para comer e na digestão e foi internado às pressas.
Ele foi transferido para Natal, a capital do Estado, e depois levado numa UTI móvel até Brasília, onde passou pela cirurgia.
Médicos ouvidos pela BBC News Brasil explicam que o surgimento das tais aderências — uma espécie de cicatriz fibrosa — pode acontecer diante de qualquer procedimento nessa região do corpo.
Mas não se sabe ao certo os fatores que levam a esse quadro ou os motivos de alguns pacientes o desenvolverem e outros não.
Quem apresenta aderências e sofre com quadros de obstrução intestinal, como Bolsonaro, costuma ser tratado de forma conservadora, com jejum e sondas, mas podem precisar de cirurgias para resolver o problema.
No entanto, esses procedimentos aumentam o risco de novas aderências — e de novas intervenções.
O que causa as obstruções intestinais de Bolsonaro?
Crédito,Getty
No dia seguinte, Bolsonaro foi transferido para um hospital em São Paulo, onde passou por uma segunda cirurgia em 12 de setembro.
O objetivo era retirar as primeiras aderências — uma espécie de cicatriz fibrosa que surgiu após a primeira operação — que obstruíam seu intestino.
Os cirurgiões aproveitaram o procedimento para corrigir uma fístula — um canal de comunicação anômalo que surge no corpo — desenvolvida em uma das suturas feitas durante a primeira operação.
Em entrevista à BBC News Brasil, o médico Raphael Di Paula, chefe de cirurgia oncológica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, explica que as aderências podem surgir quando o peritônio, uma membrana que reveste o interior do abdômen, é violado.
“Toda vez que você entra na cavidade abdominal para fazer qualquer procedimento, dos mais simples aos complexos, pode gerar processos aderenciais”, comenta o médico, que não esteve envolvido diretamente com o caso de Bolsonaro.
“A partir do momento em que você faz uma intervenção ali, pode gerar uma espécie de irritação ou inflamação que leva às cicatrizes e aderências.”
Di Paula pontua que não existem fatores de risco ou características conhecidas que explicam os motivos de alguns pacientes desenvolverem essas reações, enquanto outros nunca têm esse problema.
Uma das únicas razões, segundo ele, são as perfurações intestinais — quando as paredes desse órgão sofrem algum tipo de rompimento e parte do conteúdo interno extravasa para o resto do abdômen.
Sabe-se que isso aconteceu com Bolsonaro: a facada chegou a perfurar um trecho do intestino dele.
Por que problema é recorrente?
Em janeiro de 2019, já no cargo de presidente, Bolsonaro fez uma terceira cirurgia — dessa vez, para retirar a bolsa de colostomia que coletava as fezes a partir de um orifício aberto no abdômen.
Na ocasião, os médicos constataram uma grande quantidade de aderências no sistema digestivo dele.
Na prática, o processo de cicatrização pós-cirúrgico estava fazendo com que trechos do intestino dele se colassem.
Mas isso traz um problema: os intestinos realizam uma série de movimentos para “empurrar” a comida, digerir os nutrientes e descartar o que sobra na forma de fezes.
As aderências, no entanto, “prendem” ou “amarram” esses órgãos, deixando-os sem a mobilidade necessária para funcionar adequadamente.
Isso pode gerar dobras no tubo digestivo que impedem a passagem de alimentos e enzimas muito importantes.
O gastroenterologista e cirurgião Flávio Quilici, professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, explica à BBC News Brasil que os intestinos têm uma estrutura parecida a de canos ou mangueiras.
“Se você pisar na mangueira ou entrar alguma pedra ali dentro, isso causa um entupimento que não deixa a água passar”, diz Quilici.
O mesmo raciocínio se aplica ao nosso tubo digestivo: caso alguma coisa fique emperrada ali dentro, não há como o conteúdo transitar pelos órgãos e seguir adiante.
Bolsonaro ainda passou por operações para corrigir hérnias — pequenos escapes do intestino na parede abdominal relacionadas às inúmeras incisões e intervenções — em setembro de 2019 e setembro de 2023.
Crédito,Getty Images
Como é o tratamento de uma obstrução intestinal?
Di Paula explica que, na maioria das vezes, o tratamento da obstrução intestinal não envolve cirurgias.
O primeiro passo é deixar o paciente em jejum e passar uma sonda nasogástrica (que vai do nariz até o estômago).
O objetivo aqui é reduzir a presença de gases e líquidos que estão apertados no sistema digestivo e geram sintomas como inchaço e dor.
Esses tratamentos aliviam o quadro — com isso, o intestino pode desobstruir e voltar a funcionar normalmente.
No entanto, há casos em que esse órgão está muito dobrado e não há jeito dele retornar ao normal. O caminho, então, é partir para um procedimento mais invasivo.
O tamanho da operação vai depender do grau da obstrução.
“Há casos em que você tem só uma brida [uma cicatriz fibrosa], que lembra muito a corda mais grossa de um violão. Daí você precisa ir até o local, em um procedimento minimamente invasivo, e cortar. É um segundo, e acabou”, afirma Di Paula.
Em outras situações, as aderências são mais extensas. Daí é necessário fazer uma cirurgia convencional, abrir o abdômen e remover todas as cicatrizes que grudam os intestinos e os demais órgãos dessa região.
Di Paula detalha que essas intervenções podem ser “absurdamente complexas” e demorar horas. No caso de Bolsonaro, ele passou desta vez 12 horas na sala de cirurgia.
“Muitas vezes, é necessário remoldar todas as alças intestinais. Precisamos praticamente esculpir novamente o órgão, até soltar tudo e achar o ponto onde está a obstrução”, complementa ele.
Alguns pacientes apresentam quadros de necrose, ou morte de um trecho do tecido intestinal. Nessas situações, o cirurgião precisa fazer cortes para remover as partes afetadas e reconectar o órgão novamente.
Di Paula diz que, apesar de complexos e demorados, esses procedimentos costumam ter “um prognóstico muito bom”, com um restauro completo do trânsito intestinal.
Crédito,Getty Images
Como evitar novas cirurgias
A questão é que essas operações também aumentam o risco de novas aderências no futuro.
Por um lado, elas são necessárias para resolver a obstrução intestinal e restabelecer o fluxo do sistema digestivo.
Por outro, em pacientes que já tem histórico, elas representam um risco de novos processos de fibrose e formação de cicatrizes — que, por sua vez, podem diminuir ainda mais a mobilidade do abdômen e causar novas obstruções.
“Quanto mais o peritônio é violado, quanto mais mexemos nessas alças intestinais e no abdômen, maior o risco de novas aderências. A tendência é que elas fiquem mais fortes, firmes e complicadas”, lembra Di Paula.
“Isso não quer dizer que o paciente vai ter necessariamente novas obstruções, mas ele apresenta uma probabilidade maior de sofrer com esse quadro novamente”, pondera ele.
Infelizmente, não existe nada que possa ser feito para evitar a formação das aderências e o desenvolvimento de bloqueios no intestino.
“A gente precisa contar com a chance daquilo não acontecer de novo”, diz ele.
“Não existe uma recomendação para o paciente fazer mais ou menos atividade física, deixar de comer alguma coisa, acrescentar algo na dieta, tomar um medicamento… Infelizmente, não há nenhuma evidência de algo que seja indicado nesses casos”, prossegue.
“É preciso apenas manter um acompanhamento do quadro clínico”, conclui.
Em coletiva de imprensa, a equipe médica que está tratando de Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira (14/04) que o ex-presidente segue na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sem previsão de alta.
“Todas as medidas preventivas estão sendo tomadas, ele está na UTI nesse momento. Vai ser um pós-operatório complicado e prolongado. Não há previsão (de alta)”, dizsse o médico Leandro Echenique.
Mais cedo nesta segunda, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia escrito nas redes sociais que Bolsonaro havia ido para o quarto.
“Meu amor já está no quarto”, escreveu ela, no Instagram. Mas, segundo a equipe médica, a recuperação do ex-presidente vai ser “lenta”.
“A situação do presidente era de um abdômen hostil, várias cirurgias prévias e uma parede abdominal bastante prejudicada. Isso nos antecipava que seria um procedimento complexo e trabalhoso’, disse Cláudio Birolini, médico que chefia a equipe cirúrgica.
“Não tenham expectativa de uma recuperação rápida”, completou Birolini.
O procedimento cirúrgico do domingo, no hospital DF Star em Brasília, começou pouco depois das 10h de domingo e durou cerca de 11 horas.
Às 21h20, Michelle Bolsonaro postou que a cirurgia teve sucesso.
O hospital DF Star divulgou uma nota na qual classificou a operação como um “procedimento de grande porte”, que ocorreu sem intercorrências ou necessidade de transfusão de sangue.
“A obstrução intestinal era resultante de uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e que foi desfeita”, afirma a nota.
Bolsonaro precisou ser internado às pressas na sexta-feira (11/4) após passar mal e sentir fortes dores na região do abdômen.
Ele participava de um evento na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, e foi atendido primeiro em um hospital local. Na sequência, ele foi transferido de helicóptero para o Hospital Rio Grande, na capital do Estado.
No sábado (12), ele foi transferido novamente, desta vez para o Hospital DF Star, em Brasília. No local, ele foi reavaliado e submetido a novos exames laboratoriais e de imagem “que evidenciaram persistência do quadro de subobstrução intestinal”, segundo sua equipe médica.
“As equipes que o assistem [Bolsonaro] optaram de comum acordo pelo tratamento cirúrgico. Ele está sendo submetido neste momento ao procedimento cirúrgico de laparotomia exploradora, para liberação de aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal”, dizia o boletim médico divulgado na manhã deste domingo.
O ex-presidente já havia adiantado que o procedimento cirúrgico era uma possibilidade. “Em Brasília ou em São Paulo, após minha transferência, provavelmente passarei por uma nova cirurgia”, afirmou em uma postagem no X no sábado.
“Passamos a vida prontos pra qualquer batalha: política, jurídica, eleitoral, física até… Mas às vezes o que nos derruba não é o inimigo de fora, é o nosso próprio corpo”, escreveu.
Bolsonaro disse ter ouvido do médico Claurio Birolini, que o acompanha, que “este foi o quadro mais grave desde o atentado que quase me tirou a vida em 2018”.
“Estou estável, em recuperação, e mais uma vez cercado por profissionais competentes, a quem só posso agradecer”, afirmou.
Disse ainda que “em breve estarei de volta para lutar pela anistia dos presos políticos e por um país mais livre e mais próspero, como o povo brasileiro merece”.
Ainda no Rio Grande do Norte, Bolsonaro foi diagnosticado com um quadro de obstrução intestinal.
Segundo relatos de pessoas próximas a Bolsonaro, ele já reclamava de incômodos intestinais nos últimos dias.
O médico do ex-presidente, Antônio Luiz Macedo, disse à CNN que Bolsonaro apresentou, além das dores, dificuldades para comer e na digestão, por conta de uma distensão intestinal. O quadro se caracteriza por um inchaço no abdômen, que pode ser derivado de uma inflamação.
Crédito,Getty Images
Desde que foi vítima de um atentado a faca na campanha das eleições de 2018, o ex-presidente teve alguns episódios de obstrução intestinal — quando um trecho desse órgão sofre um bloqueio — e precisou ficar internado para fazer tratamentos.
Ele já passou por cinco cirurgias abdominais, três delas delicadas, segundo sua equipe médica.
Entenda a seguir o que é a obstrução intestinal e por que ela costuma acontecer em casos como o de Bolsonaro.
O que é obstrução intestinal?
Como o próprio nome já diz, o quadro está relacionado ao bloqueio de parte do intestino delgado ou do intestino grosso.
Essa obstrução impede a passagem de alimentos e enzimas digestivas que, ao longo dos intestinos, estão envolvidos em uma série de processos para extrair nutrientes e descartar aquilo que não será aproveitado pelo corpo, formando as fezes.
O gastroenterologista e cirurgião Flávio Quilici, professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, explica que os intestinos têm uma estrutura parecida a de canos ou mangueiras.
“Se você pisar na mangueira ou entrar alguma pedra ali dentro, isso causa um entupimento que não deixa a água passar”, diz.
O mesmo raciocínio se aplica ao nosso tubo digestivo: caso alguma coisa fique emperrada ali dentro, não há como o conteúdo transitar pelos órgãos e seguir adiante.
O que causa a obstrução intestinal?
Esse entupimento pode ser provocado por uma série de fatores, como doenças inflamatórias (caso de Crohn e diverticulite), tumores e até alimentos secos e duros (como sementes de jabuticaba, por exemplo).
No caso específico de Bolsonaro, os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que o quadro está de fato possivelmente relacionado às várias cirurgias que ele precisou passar após sofrer a facada em 2018.
De acordo com o médico Lúcio Lucas, chefe do centro cirúrgico do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, as operações no abdômen levam a um processo de cicatrização, que pode resultar na perda da movimentação do intestino.
“Para funcionar a contento, o tubo digestivo se mexe constantemente. E essa mobilidade pode ser prejudicada pela formação do processo cicatricial após os procedimentos cirúrgicos”, contextualiza.
Um intestino mais “rígido” e com algumas estruturas cicatrizadas que grudam umas nas outras, portanto, pode sofrer uma espécie de torção, que obstrui parcialmente ou totalmente a passagem dos alimentos — é como se a mangueira do exemplo anterior se dobrasse por completo.
Vale ressaltar que essa é uma hipótese provável no caso do presidente, mas que ainda precisa ser confirmada pelos profissionais que o acompanham.
Quais os sintomas da obstrução intestinal?
Esse problema pode evoluir aos poucos e só dar sinais mais contundentes no momento em que a situação está mais grave.
“Os soluços são um sintoma da obstrução, especialmente quando ela acontece em algumas regiões do intestino delgado”, observa Lucas.
Essa condição também costuma estar relacionada com inchaço e dores fortes na barriga.
Quilici diz que é possível detectar a obstrução intestinal no exame físico, feito no próprio consultório, especialmente quando o paciente tem um histórico de cirurgias na região do abdômen.
“Podemos também fazer uma radiografia ou uma tomografia para encontrar essa obstrução”, complementa.
Esses exames são de rotina quando um paciente é internado com os sintomas de Bolsonaro, segundo médicos ouvidos pela BBC News Brasil.
Crédito,Getty Images
O que é feito após o diagnóstico?
Dependendo da causa, da gravidade e do local onde a obstrução ocorreu, o médico opta pelo tratamento conservador ou pela cirurgia.
Lucas explica que, nos casos menos graves, é possível recorrer ao jejum, a algumas medicações específicas e a determinados procedimentos menos invasivos, como a aspiração do líquido acumulado em razão do entupimento.
O paciente então é monitorado por um tempo, até que sua situação melhore.
Quando o bloqueio do tubo digestivo é maior, geralmente é preciso abrir a barriga para desfazer a obstrução ou remover a estrutura que bloqueia e aflige o intestino.
Quilici e Lucas concordam que a cirurgia é relativamente simples e não costuma estar relacionada a complicações ou a um pós-operatório muito difícil.
“Quando a operação consiste em apenas desfazer a dobra no intestino, a recuperação é rápida, e o quadro costuma evoluir muito bem”, aponta Lucas.
“Agora, se o diagnóstico e a intervenção demoram muito a acontecer, há o risco de a região intestinal afetada sofrer uma necrose, o que exige a remoção desse pedaço”, acrescenta Quilici.
Com reportagem de André Biernath, da BBC News Brasil.